Agência Ganesha participa do 1º Encontro Sul das Produtoras Culturais Colaborativas do Brasil

Empreendimentos autogestionários do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia vão participar do I Encontro Sul da rede das Produtoras Colaborativas na edição 2015 do Fórum Internacional do Software Livre. O objetivo do encontro é fortalecer as produtoras culturais que utilizam esta metodologia, bem como integrar ações das produtoras com outros grupos que queiram se integrar e participar da rede.

A programação inicia na quinta-feira, dia 9, às 9h30h, no espaço do Dumont Hackerspace, com uma apresentação da rede seguido de uma oficina de Moedas Sociais Digitais utilizando a Plataforma Corais.org, um ambiente virtual completo desenvolvido em software livre e que é utilizado pelas produtoras e outros grupos brasileiros. Quem vai ministrar a oficina é Pedro Jatobá, da Colabor@tiva.PE.

À tarde, a partir das 14h30, no estande da Colivre – cooperativa baiana de desenvolvimento em software livre que também faz parte da rede – haverá uma reunião aberta para discutir produção colaborativa e ações em rede. Todos estão convidados a participarem e construir as ações das produtoras de forma compartilhada.

À noite, a partir das 19h, tem a Noite da Cultura Livre no espaço Cultural 512 (Rua JoãoAlfredo, 512, Cidade Baixa). No espaço – sede da produtora Outros500, também integrante da rede das produtoras – haverá o show da banda Os Replicantes, um dos maiores nomes do punk rock da cena alternativa nacional, ativo desde a década de 1980. Antes do show, haverá discotecagem apenas com músicas livres dos novos artistas do MangueBeat com o DJ Virgulinux, de Pernambuco, e lançamento do zine “Pequenos Grandes Momentos Ilustrados da história da Recombinação: deturnamento”, primeiro zine do BaixaCultura, página de cultura livre e (contra) cultura digital. Nesta noite também haverá a liberação em uma licença livre da receita da Cachaça Chica (de Abacaxi), produzida em Porto Alegre, e a libertação de músicas autorais em licenças livres baseadas no copyleft – todos estão convidados a trazer sua arte e disponibilizar na rede e no acervo multimídia da Rede Colaborativa iTEIA. Os ingressos pra noite custam R$25 no espaço do 512 e no bar Pinacoteca (Rua da República, 409); participante do FISL 2015 com crachá paga R$10. O show tem apoio da FM CULTURA e será transmitido na integra pela rádio, no programa Discoteca Brasileira, apresentado pelo DJ Piá.

Na sexta-feira dia 10/7, às 10h, haverá uma roda de conversa sobre a tecnologia social das produtoras culturaiscolaborativas no Espaço ASL.Org -Ronaldo Lages, uma arena localizada no espaço de exposições do evento. E para encerrar o encontro, acontece às 14h o Encontro do GT Nacional de Cultura Digital, onde será discutido o Plano de Trabalho que busca fortalecer a política de Cultura Digital e Software Livre na rede de Pontos de Cultura. O plano vem sendo construído de forma transversal e tem como objetivoapresentar ao Governo Federal ideias que consolidem as políticaspúblicas de fomento ao software e a cultura livre. Os principaispontos a serem discutidos serao o fortalecimento das plataformasdigitais fomentadas pelo programa Cultura Viva, com a priorizaçãoda integração entre as plataformas via ecoprotocolos, e a criaçãode um mapeamento das plataformas em software livre com suasrespectivas catalogações de usos.

Programação
1º DIA: 09/7
9h30: Abertura do Encontro e Apresentação dos coletivos participantes (Dumont Hackerspace)
10h às 12h30: Oficina de Moedas Sociais Digitais utilizando a Plataforma CORAIS.ORG (Dumont Hackerspace)
14h30 – Reunião aberta: Produção Colaborativa e ações em rede (Estande da Colivre)
19h – Noite da Cultura LIVRE no Espaço Cultural 512 (Rua João Alfredo, 512, Cidade Baixa)
Show Banda Os Replicantes (RS)
Discotecagem do DJ Virgulinux (PE)
Lançamento do Zine BaixaCultura nº1: Pequenos Grandes Momentos Ilustrados da história da Recombinação:
Liberação da receita da Cachaça Chica 3.0 versão ”AbacaChica”
Libertação em licenças livres de músicas autorais (traga sua arte e disponibilize na rede)

2º DIA: 10/7
10h – Roda de conversa sobre a tecnologia social das produtoras culturais colaborativas (Espaço ASL.Org -Ronaldo Lages)
14h as 16h – Encontro GT Nacional de Cultura Digital: Plano de Trabalho que busca fortalecer a  política de Cultura Digital e Software Livre na rede de Pontos de  Cultura de forma transversal a incidir sobre o Governo Federal para que políticas de fomento ao software e a cultura livre sejam fortalecidas (Dumont Hackerspace).

Sobre as produtoras colaborativas
Pensar no comum e nocompartilhado é a linha mestra das produtoras colaborativas. As produtoras adotam uma tecnologia social que reúne um conjunto de metodologias baseados na cultura e no software livre, nocooperativismo e nas moedas sociais. São metodologias que começarama ser estudadas em 2006, nos pontos de cultura do Quilombo do Sopapoe da Biblioteca do Fórum Social Mundial em Porto Alegre, e aplicadospela primeira vez pelos pontões de cultura iTEIA, CDTL e CaravanaArcoirís na Aldeia da Paz, realizada no Acampamento Intercontinentalda Juventude dentro do Fórum Social Mundial de 2009, em Belém. De2009 pra cá, o conjunto de tecnologias tem sido testa das em diferentes lugares do país, pontos de cultura, produtoras culturais, coletivos de cultura em estados como Pernambuco, Bahia, Pará, Rio Grande do Sul e Tocantins.

A Produtora Colabor@tiva.PE, que integra 6 pontos de cultura da região metropolitana de Recife mais um cineclube e um centro de recondicionamento de computadores, foi a primeira que aplicou de forma permanente, a partir de 2010, o conjunto das metodologias das produtoras colaborativas. Pedro Jatobá, um dos criadores da Colabor@tiva.PE, apresenta a tecnologia a partir da metáfora da árvore: assim como as árvores precisam de nutrientes para gerar frutos, as produtoras necessitam de insumos para alimentar o processo de formação continuada e, assim, fomentaros ciclos de amadurecimento de novos empreendimentos.

Os tronco são as 6 áreas deatuação: memória, gestão, produção, economia, educação ecomunicação. Os galhos são os núcleos temáticos: fotografia,áudio, vídeo,comunicação, produção cultural, criação depáginas na internet, entre outros. As folhas são os produtos e serviços (clipe, registro fotográfico, curso de fotografia,mapeamento, site, etc); os frutos são a formação continuada, aquilo que cai e dá fruto, replica; e, por fim, tudo está estruturado em seis raízes sólidas, que vale destacar aqui:

cultura popular: atuar na divulgação e no fomento da cultura popular de cada local; ser a mídia livre da expressão cultural popular;
software livre: além de toda a questão social do software livre, ele é, também, a única maneira legalizada de funcionar numa comunidade sem precisar pagar fortunas por licenças de software.
cooperativismo: ser autogestionado, sem “patrão”, mas cooperativados; relação horizontal;
criatividade: buscar formas alternativas e criativas de não fazer “empacar” os projetos;
empreendedorismo: a necessidade de fazer a produtora funcionar, e minimamente pagar as contas;
moeda social: em muitas comunidades onde as produtoras atuam o dinheiro é escasso; então é criada uma moeda social pra balizar trocas dentro da comunidade. Ela pode fazer serviços pra fora da comunidade por dinheiro, mas dentro ela pode fazer serviços na moeda social, trocar a criação de uma página na internet por almoços, por exemplo. No caso da Colabor@tiva.PE, há a moeda social Concha, a primeira criada em Pernambuco, toda gestionada dentro da plataforma http://corais.org/ que, ademais, é um ambiente de criação/gestão de projetos todo criado em software livre e que reúne várias outras produtoras colaborativas e outras redes.

Fonte: http://ccdpoa.com.br/2015/07/03/i-encontro-sul-das-produtoras-culturais-colaborativas-do-brasil/