A adoção dos novos aparatos tecnológicos de transferência e depósito da informação influencia, cada vez mais, os fenômenos culturais contemporâneos. Desde meados do século 20, as inovações das telecomunicações e da computação realizam uma substituição gradual dos sistemas analógicos por sistemas digitais de registro de textos, sons e imagens. Suportes físicos como livros, filmes e discos deixam de ser imprescindíveis para a memória, a expressão e a transmissão do conhecimento, instaurando um novo contexto em que devem ser contempladas pela sociedade e o Estado as questões relacionadas à democratização do acesso e valorização da diversidade.
A transformação da materialidade dos bens culturais em unidades de dados codificados (bits) representa uma profunda alteração nos processos de produção, reprodução, distribuição e armazenamento dos conteúdos simbólicos. Essa mudança traz consigo, também, uma significativa reformulação de paradigmas que afeta, direta ou indiretamente, os modos de organização das cadeias econômicas que circundam as expressões culturais e os valores estéticos. A era digital da cultura passa exigir políticas integradas que possam reverberar nos distintos domínios dos saberes e das práticas, a fim de assegurar a existência de uma esfera pública fortalecida, autoconsciente e aberta à inclusão das diferenças constituintes do pluralismo social brasileiro.