Dalmo Vieira, superintendente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Santa Catarina, e Amyr Klink, navegador e construtor naval, que ficou conhecido pelas solitárias travessias oceânicas e viagens à Antártica, dividiram espaço e compartilharam experiências e opiniões durante a conversa sobre “Patrimônio Naval”, que integra o Seminário sobre o Patrimônio Cultural Brasileiro. A proposta do seminário é debater novas alternativas para aprimorar a gestão do patrimônio cultural brasileiro.
Boa parte do encontro – que também contou com a participação de Vitor Ortiz e Márcia Rollemberg, secretários Executivo e da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, respectivamente – foi dedicada à fala leve, informal e apaixonada de Amyr Klink, que dedica sua vida ao estudo da engenharia naval brasileira, mas que avança na temática e levanta questionamentos a respeito da necessidade de ações efetivas para a preservação do patrimônio cultural, seja ele material ou imaterial. “Em relação ao patrimônio naval, temos um universo absolutamente fantástico e pouco documentado. Ainda há muito o que se fazer na área da preservação do patrimônio. Quando se olha o universo das manifestações culturais existentes e pouco valorizadas, é aí que podemos ver o quanto ainda falta fazer nesse sentido”, defendeu. Para ele, é cada vez mais urgente a necessidade de se compilar idéias e tornar efetiva a intenção de se preservar essas manifestações.
Para Márcia Rollemberg, isso é perfeitamente possível através de parcerias entre os entes do governo. “O Programa Cultura Viva inova por promover essas parcerias”, afirmou, acrescentando que falta difundir a autenticidade e singularidade que existem em nossa cultura. “Precisamos é ampliar as possibilidades e aproveitar os nichos que se abrem, como é o caso do Iphan e das comunidades de pescadores”, afirmou, referindo-se a exemplos citados por Dalmo Vieira e Amyr Klink.
E é justamente nesse sentido que se firma a necessidade de se estabelecer políticas públicas que garantam a divulgação e preservação do patrimônio cultural brasileiro. “Se o trabalho individual ou de pequenos grupos não alcança grande visibilidade, precisamos pensar em uma política que ajude a difundir a cultura, todo esse conhecimento em outras esferas”, afirmou Amir.
Nesse sentido, Márcia Rollemberg chamou atenção para a necessidade de que a escola também absorva essa visão cultural, fugindo do que ela chamou de ‘ensino como adestramento’. “A escola é o espaço de preparação do futuro cidadão, e ela também precisa cultivar os valores culturais”, sentenciou.
Isso, de acordo com os palestrantes, seria o começo de uma mudança estrutural. “Estamos preservando uma sementinha. A sociedade se apodera disso, e isso muda panoramas”, concluiu Dalmo Vieira.
(Assista o vídeo com o depoimento de Amyr Klink sobre Cultura e Sustentabilidade clicando aqui)