A julgar pelos números finais da 11ª edição do Fórum Internacional de Software de Livre (FISL), o espaço para o crescimento e desenvolvimento do software livre no Brasil parece, ainda, não ter limites. O encontro, que aconteceu de 21 a 24 de julho, em Porto Alegre, registrou mais de 7.500 inscritos entre participantes, expositores e palestrantes, e 79 caravanas vindas de vários estados brasileiros e também do Uruguai e Argentina. Pela rede, até as 18 horas de sábado (24/07, quando o evento se encerrou) foram registrados mais de dois milhões de page-views à página oficial do FISL.
É com foco nesse universo de estudantes, pesquisadores, desenvolvedores, usuários e interessados em software livre que a Secretaria de Políticas Culturais (SPC/MinC) pretende lançar, ainda este ano, um edital ‘experimental’ com objetivo de instituir um programa de apoio ao desenvolvimento aberto e distribuído de software livre no país.
O tema foi debatido na roda de prosa “Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Softwares Livres”, que aconteceu na quinta-feira (22/07), na Sala Xamelê, um espaço do MinC na área de exposições do FISL 2010. Ficou clara a disposição do Ministério da Cultura em entender como deve ser a atuação do Governo no sentido de não apenas apoiar, mas também legitimar essas iniciativas.
De acordo com José Murilo Junior, Gerente de Cultura Digital do MinC, a intenção do Ministério é fomentar o desenvolvimento dessas aplicações, compartilhando idéias e proposições com a comunidade. Nesse sentido, a participação efetiva do MinC na edição 2010 do FISL foi, de certa forma, um primeiro passo nessa direção. “É uma primeira conversa, e nós queremos inaugurar um processo de colaboração, de reflexão conjunta, colaborativa e participativa, para então construirmos esse primeiro edital”, explicou.
De acordo com José Murilo, já havia no MinC a intenção de conceder apoio ao desenvolvimento do software livre, e para isso o Ministério buscou focar suas ações em duas dimensões: a necessidade do desenvolvimento propriamente dito e a busca de uma forma adequada para que ele aconteceça.
A necessidade foi percebida, por exemplo, a partir de diferenças pontuais verificadas em softwares de edição em áudio e vídeo. “São programas muito utilizados por Pontos de Cultura, e percebemos que existe um grande desnível entre os aplicativos proprietários e os livres”, explicou José Murilo. A partir da percepção da demanda existente, o passo seguinte seria identificar a melhor maneira de se conduzir esse processo, e para isso o FISL se apresentou como a opção ideal.
“O nosso objetivo ao promover essa primeira conversa aqui, no Fórum, foi trazer um pouco das idéias que temos, apresentar para a comunidade e receber dela novos insumos. A ideia é, também, apresentar os instrumentos que temos disponíveis: os editais – seja no formato de bolsas, prêmios, ou propriamente a contratação através de um processo de desenvolvimento”, complementou o Gerente de Cultura Digital do MinC, para quem os resultados do encontro foram extremamente positivos, considerando-se que já está em discussão uma proposta do modelo do edital.
Para José Murilo, é muito importante que o MinC lance esse edital ainda em 2010, deixando uma ‘provocação’ para o próximo governo. “Não queremos que toda essa reflexão se perca. Vamos levantar a bola e deixar o caminho aberto para a continuidade do processo”, finalizou.