No dia 29 de outubro, como resultado de uma parceria da Universidade Federal do Paraná com o Ministério da Cultura, foi lançado o Laboratório de Cultura Digital (Lab) juntamente com o Encontro Latinoamericano de Cultura Digital, que reuniu pesquisadores, ativistas, estudantes e demais interessados nas possibilidades que a utilização de ferramentas em software livre oferece aos usuários e a autonomia consequente da apropriação e autogestão.
As atividades envolveram debates e oficinas gratuitas de desenvolvimento colaborativo de tecnologias livres, mapeamento e mobilização online. O Encontro Latinoamericano também promoveu o debate “Ativismo, redes e ruas: a inteligência coletiva e as novas tecnologias”, com membros da Associação de Blogueiros Tunisianos, Occupy Wall Street, Asamblea Exiliados por la Educación de Mercado, Movimento Passe Livre, Mídia NINJA, Pueblo Hace Cultura, Ciranda da Comunicação Compartilhada, Pueblo Hace Cultura e Coletivo Soylocoporti.
O lançamento e o encontro foram precedidos por uma reunião de trabalho com agentes da Cultura Digital de vários estados brasileiros e de outros países, como Uruguai e Argentina, para a apresentação do Lab.
O Coordenador de Cultura Digital do Lab, João Paulo Mehl, referiu-se à ocasião, que reuniu também representantes da cultura popular, como os Griôs e a Rede Mocambos, Mídia Livre e Pontos de Cultura, como um “esforço para que o digital seja mais humano”.
Uma parte da atuação do Lab concentra-se na experimentação de ferramentas digitais como os Mapas Culturais e a ferramenta Delibera. “Este não é um debate de plataformas, mas de protocolos” explica João Paulo, sobre a proposta do Laboratório trabalhar mais com o estabelecimento de redes federadas e OpenID, entre as plataformas já desenvolvidas como o Iteia e o IDCult, da Alquimídia.org.
TIMELINE
Em 2004, a gestão Gilberto Gil no Ministério da Cultura engendrou o que ocorreria nos dois anos seguintes, em que a Ação Cultura Digital criou uma equipe de agentes que percorreram o país ministrando oficinas e encontros de conhecimentos livres. “Cultura digital é um conceito novo. Parte da idéia de que a revolução das tecnologias digitais é, em essência, cultural. O que está implicado aqui é que o uso de tecnologia digital muda os comportamentos. O uso pleno da internet e do software livre cria fantásticas possibilidades de democratizar os acessos à informação e ao conhecimento, maximizar os potenciais dos bens e serviços culturais, amplificar os valores que formam o nosso repertório comum e, portanto, a nossa cultura, e potencializar também a produção cultural, criando inclusive novas formas de arte”, disse o então ministro.
O que foi feito em 2005 e 2006 preparou o terreno para a utilização de ferramentas disponibilizadas gratuitamente, como softwares de edição gráfica e audiovisual passíveis de alteração por qualquer usuário, fomentando assim a apropriação tecnológica por produtores culturais.
Em 2007, com a expansão do Programa Cultura Viva que passou a estabelecer redes de Pontos de Cultura municipais e estaduais, não apenas federais, surgiram os Pontões de Cultura com o objetivo de articular e divulgar as ações dessas redes. Entre esses Pontões, alguns foram criados especificamente para estimular a cultura digital nos pontos de cultura, como o Pontão Ganesha, Kuai Tema, JuntaDados e Nós Digitais.
Paralelamente ao trabalho dos Pontões de Cultura Digital, foi lançado em 2009 um edital de bolsistas para reforçar a Ação Cultura Digital. Todas essas ações foram impulsionadas pelo MinC com o intuito de empoderar os agentes e movimentos de expressão cultural para que se tornassem protagonistas de suas próprias ações.
Durante as apresentações do Lab, em 2013 na UFPR, o Diretor de Cidadania e da Diversidade Cultural do Ministério da Cultura, Pedro Vasconcellos, declarou que o que motivou o MinC a retomar a Ação foi “a importância que a Cultura Digital teve na construção da Rede Cultura Viva”, complementando que a Ação Cultura Digital se desdobrou entre os Pontões, editais específicos para a área e de Mídia Livre fazendo com que a retomada fosse cobrada por vários setores. Ainda segundo Vasconcellos, outras parcerias poderão ser feitas dentro da dinâmica de gestão compartilhada do MinC e até o final do ano será lançado um edital nacional para 16 novos Pontões de Cultura, nos quais a Cultura Digital estará presente fazendo parte do escopo dos projetos ou como principal proposta de atuação.
Coordenador do Pontão Ganesha de Cultura Digital, Thiago Skárnio, que participou da reunião de apresentação do Lab, declarou que o projeto “é um momento importante para a comunidade que pesquisa e milita pela Cultura Digital no país, pois, além dos valores do projeto em si, sinaliza a abertura do MinC para um novo arranjo de parcerias com a sociedade civil organizada” e completa “assim como esta parceria com a UFPR aglutinou vários participantes do Coletivo Soy Loco Por Ti, que desenvolve projetos de Cultura Digital há anos, outros grupos espalhados pelo país também podem ser conectados em torno de uma retomada programática da Ação Cultura Digital”.
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