III Conferência evidencia transversalidade da cultura e semeia propostas para mudanças

Durante as mesas que segmentaram por áreas os debates da III Conferência Municipal de Cultura de Florianópolis (Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina – 19 e 20 de março), mais do que elencar propostas para o Plano Municipal de Cultura, componentes da mesa e público realizaram profundos debates a respeito da cultura como eixo transversal e fundamental a outros temas, como política, educação, economia, e demonstraram disposição para contribuir com a construção de uma política pública realmente efetiva para a área da cultura em Florianópolis.
 
Diversas moções de apoio e repúdio foram redigidas durante as discussões e debates, e colocadas em votação ao final da Conferência. A diversidade de temas abordados – desde o incentivo à capacitação do corpo técnico da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC) e critérios para inscrição nos editais municipais, ao comprometimento dos candidatos à prefeitura da Capital com a conservação do patrimônio cultural da cidade – deixou clara o interesse dos participantes pelos mais variados tópicos que permeiam a cultura local, condição indispensável neste momento de finalização do Plano Municipal de Cultura e de posse da nova equipe do Conselho Municipal de Política Cultural (CMPC).

Esse mesmo interesse pode ser verificado durante a análise e votação das propostas elaboradas, momento em que se sucederam críticas e defesas, umas vezes direcionadas ao conteúdo e outras à formulação dos textos. A versão final e revisada de todas as deliberações e propostas estará, em breve, disponível no blog do CMPC.

NOVO CONSELHO
A última atividade oficial da III Conferência Municipal de Cultura de Florianópolis, no início da noite de terça-feira foi a eleição dos novos conselheiros da sociedade civil do CMPC, que registrou um percentual elevado de renovação, além da inserção de novas cadeiras, como Cultura Digital e Moda e Design. Confira a lista dos representantes de cada área. Os nomes dos representantes do poder público ainda não foram indicados pelo Superintendente da FCFFC, Rodolfo Pinto da Luz.

Uma homenagem especial, preparada pelos antigos e novos conselheiros, deixou registrado o reconhecimento ao trabalho desenvolvido por Marta César, que presidiu o Conselho Municipal de Politicas Culturais (CMPC) durante seu primeiro biênio de atuação, e conduziu o processo de elaboração do Plano Municipal de Cultura.

AS MESAS

Divididos entre os eixos Memória, Inovação e Integração e Transversalidade, os participantes da Conferência passaram a manhã do segundo dia do evento reunidos em salas vizinhas,  discutindo, formulando e redigindo propostas que, ao final, possibilitaram uma ampla visão a respeito das demandas para as áreas. As propostas formuladas demonstraram que a cultura local percebe e reconhece carências, que vão da necessidade de se realizar encontros entre a comunidade cultural local à criação de uma secretaria específica para a cultura no município, ou seja, do mais elementar – que depende basicamente da vontade dos segmentos – ao mais complexo, que envolve a gestão pública e disposição política.

Construir uma política para a cultura local não parece ser uma tarefa fácil, especialmente considerando-se falas relacionadas ao caráter multicultural que se percebe na paisagem c ultural da capital.

Na mesa sobre “Memória” (mediada pelo arquiteto e urbanista Dalmo Vieira, do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN), por exemplo, o antropólogo Eugênio Lacerda insistiu que essa variedade precisa ser considerada pela gestão pública. “O Plano Municipal de Cultura deve mostrar as contradições deste tecido cultural, filtrar estas contradições”, afirmou, lembrando que a paisagem cultural  permite ações transversais com o Plano Diretor do município, por exemplo.

Apesar da variedade de segmentos representados na sala em que se discutia “Integração e Transversalidade”, o mediador Alfredo Manevy, professor de Cinema da UFSC, não teve dificuldades em agregar as propostas, que convergiam para temáticas semelhantes. Também naquele espaço, o Plano Diretor foi citado, especialmente relacionado a propostas que buscam facilitar o acesso da população a equipamentos e iniciativas culturais.

Na mesa sobre “Inovação”, as questões levantadas deixaram claro que as mudanças desejadas vão muito além do viés tecnológico, colocando em pauta questões políticas, humanas e simbólicas.  A partir desta mesa, aliás, foi lançada uma moção de repúdio dirigida ao Conselho Municipal de Cultura pela não realização do Edital de Cultura Digital em 2012.

COBERTURA COMPARTILHADA
Durante os dois dias da Conferência, o Pontão Ganesha de Cultura Digital coordenou uma experiência de cobertura colaborativa do evento, que mobilizou representantes de pontos de cultura para a produção de textos e fotos, publicados no blog dos pontos. Essa atividade contou com a parceria do coletivo Fora do Eixo, responsável pela cobertura fotográfica do evento.
Vale destacar que o material publicado a partir da Cobertura Colaborativa foi a única forma de divulgação  do evento, que não contou com a cobertura da mídia comercial.

(Fotos: Coletivo Sem Fronteiras)