Durante a cerimônia de abertura do II Fórum Catarinense dos Gestores Municipais de Cultura, que aconteceu na manhã desta segunda-feira (28/05), a Fundação Catarinense de Cultura (FCC) e a Federação Catarinense dos Municípios (Fecam), assinaram um convênio que objetiva a capacitação de gestores municipais da área da cultura. De acordo com o presidente da FCC, Joceli de Souza, esta iniciativa vai ao encontro da recomendação do governador do Estado, Raimundo Colombo – “Mais do que isso, trata-se de uma determinação”, explicou Joceli -, que deseja expandir as ações da entidade por todas as regiões catarinenses.
Para Douglas Warmling, prefeito de Siderópolis e presidente da Fecam, o convênio estabelece uma parceria muito importante para atender demandas apontadas há tempos pelos gestores municipais. Warmling disse essas iniciativas podem mudar a realidade vivida por muitos administradores, que acabam tendo que agir como “bombeiros”, apagando incêndios. “Além do poder público, a sociedade como um todo precisa entender a importância da cultura. Isso é essencial para que se estabeleçam políticas públicas planejadas e continuadas, que servirão, inclusive, para incrementar a economia dos municípios” afirmou.
O evento, promovido pela Fecam e pelo Conselho de Gestores Municipais de Cultura de Santa Catarina (Congesc), acontece no SESC Cacupé, em Florianópolis, e reúne cerca 200 participantes, entre gestores municipais da área de cultura e representantes da FCC, Secretaria de Estado do Turismo, Cultura e Esporte (SOL) e Conselho Estadual de Cultura CEC, possibilitando um profundo debate sobre a Cultura como elemento transformador da sociedade.
Já na abertura foi possível perceber que estão novamente em evidência questões levantadas durante a primeira edição, que aconteceu em agosto de 2011, em Fraiburgo, como por exemplo a necessidade de se criar uma secretaria específica para a área da cultura.
O assunto foi citado pela Deputada Ângela Albino, que preside a Frente Parlamentar em Defesa da Cultura Catarinense, como um dos “mantras” repetidos exaustivamente pela comunidade cultural catarinense. “Isso se repete ano após ano, mas reforço o lado positivo do fato. Sempre que nos reunimos, repetimos reivindicações e listamos demandas, vamos criando pontes entre as pessoas, juntando tijolinhos para construir uma política efetiva para a área”, afirmou.
De acordo com Silvestre Ferreira, que preside o Congesc, o fato de estarmos em um ano eleitoral torna o momento ainda mais especial para se discutir a cultura como elemento fundamental nas administrações das cidades. “Este é o momento ideal para se pautar os programas de governo dos candidatos. É a hora certa para que se pense a cultura como parte do orçamentos, como investimento e não como gasto”, explicou.
Na mesa de abertura, o CEC foi representado pela sua presidente, Mary Benedet Garcia, que reforçou a importância do evento, chamando atenção para o papel de cada indivíduo na efetivação de políticas culturais. “Estamos aqui para assumir, realmente, nosso papel de gestores da cultura. É um momento especial para discutirmos a construção de uma política sólida, fazer o que não foi feito ou reparar o que foi feito de forma equivocada”, lembrou.
Duas palestras encerraram as atividades na parte da manhã. Primeiro, a economista e administradora Ana Carla Fonseca Reis falou sobre “Cidades Criativas”, apresentando alternativas que colocam a cultura como elemento estimulador da economia das cidades, que necessitam, segundo afirma, buscar seus diferenciais. Para ela, poder público e gestores culturais têm papeis diferenciados nesse processo, e ambos se complementam. “Se o poder público é tradicionalmente avesso à cultura, é porque a vê como gasto, não como investimento. Como resolver isso? Cabe aos gestores levantar números, que comprovam a o impacto econômico gerado pelo segmento”, conclui.
Na seqüência, o secretário de Cultura de Paraty, Amaury Barbosa, apresentou um “case” sobre o desenvolvimento de atividades culturais na cidade, que contribuíram para tornar o Paraty um município-destaque em eventos e programações culturais, contribuindo com a criação de uma secretaria específica para a área. “Antes disso, Turismo e Cultura pertenciam à mesma pasta, mas a administração pública finalmente e felizmente percebeu que era impossível concentrar duas secretarias fundamentais para o município”, lembrou.
Para o secretário, mesmo com a diferença nos orçamentos das duas secretarias – o Turismo tem orçamento de R$ 9 milhões e a Cultura fica com R$ 1,5 milhão – o segmento cultural ganhou muito com a criação de uma secretaria própria.
Na parte da tarde, o II Fórum Catarinense dos Gestores Municipais de Cultura prossegue com o relatório de atividades do Congesc e a apresentação do filme “Quem se importa”, de Mara Mourão.
Depois disso, Luiza Lins, diretora da Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis, fará a capacitação dos interessados, possibilitando que cada município realize uma Mostra Infantil, na mesma época e nos mesmos moldes do evento, que em 2012 chega à sua 11ª edição. Após a capacitação, será entregue um Kit contendo 44 filmes de curtas metragens brasileiros, cartazes e camisetas.