FSM semeou mudanças no Brasil e em toda a América Latina

Em dez anos de Fórum Social Mundial muitas foram as mudanças observadas no cenário político e social brasileiro. Era de se esperar que um evento com o slogan “Um novo mundo é possível” semeasse, pelo menos, a vontade de se experimentar novas alternativas, que aliassem desenvolvimento e humanização.

Desde então, tópicos como tecnologia, comunicação e educação – tradicionalmente deixados de lado pela administração pública – passaram a merecer mais atenção do governo. Com a cultura não foi diferente.

No dia 27 de janeiro, logo após a primeira rodada de Roda de Prosa, Cultura e Comunicação, em Canoas (RS), que integrou a décima edição do Fórum Social Mundial, Célio Turino, Secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura (MinC), destacou a contribuição do evento para mudanças – muitas delas iniciadas no Brasil,  mas que acabaram gerando ecos por toda a América do Sul. “Quem imaginaria, no primeiro Fórum Social Mundial, que a Bolívia seria governada por um presidente índio?”, questiona. Esse, como afirma, é apenas um exemplo real da construção daquele “mundo novo” pensado na primeira edição do Fórum.

Em harmonia com o propósito do evento, que prioriza a diversidade e o respeito ao indivíduo, a criação dos Pontos de Cultura (efetivados a partir do Projeto Cultura Viva, do MinC) teve como objetivo dar espaço, visibilidade e maior oportunidade de ação a iniciativas culturais que já se desenvolviam nos mais diversos cantos do país. Trata-se, na verdade, de potencializar a ação em seu local de origem, segundo explica Turino. E é um exemplo que vem sendo seguido em outros países. “Há Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil e, agora, esta ideia está sendo transformada em política pública em diversos outros países do Mercosul”, comemora.

Essas ações, inicialmente isoladas mas que aos poucos foram tornando-se recorrentes, demonstraram que havia muitas pessoas focadas na busca  de um caminho diferente para a humanidade, um caminho que buscasse a sustentabilidade do planeta.. Turino lembra que em 2001, quando aconteceu a primeira edição do Fórum Social Mundial, o clima era de insegurança, mas houve, desde então, uma escolha: “O caminho pelo qual optamos seguir é esse: o caminho da solidariedade e do respeito, e não da barbárie, do egoísmo, do pisar no outro para conquistar alguma coisa”, destaca, explicando que a essência dos Pontos de Cultura está em quebrar hierarquias culturais e construir novas legitimidades.

NOVAS OPORTUNIDADES
Célio Turino aproveitou a Roda de Prosa para falar, também, sobre o lançamento de novos editais que devem ser lançados pelo MinC ainda no início de 2010. Ele destaca que embora já existam hoje mais de 2500 Pontos de Cultura espalhados pelo Brasil, isso não é suficiente. “Cultura é fluxo permanente, e nós precisamos irrigar a rede”, explica.

Para que isso aconteça, o MinC deve lançar em fevereiro uma segunda edição do Ponto de Mídia Livre – a primeira edição foi anunciada durante o FSM de Belém, em 2009 – e agenda para breve editais na área de Cultura e Saúde, interações estéticas, interações entre artistas e pontos de cultura e uma segunda edição do Prêmio Tuxaua.
Segundo o secretário, serão mais de 10 editais. “Há muito o que se fazer, e enquanto houver humanidade a gente vai construindo a civilização”, finalizou Turino.

Assista a entrevista: