O primeiro dia do Seminário Cultura Viva funcionou como um termômetro do que serão os esses encontros programados para a discussão das diversas faces do Programa Cultura Viva e suas ações. Mais do que a necessidade, ficou evidente entre o s presentes a ansiedade de se aprofundar questões variadas, e foi através da apresentação dos trabalhos de pesquisadores das mais diversas regiões do Brasil, todos envolvidos no processo de esmiuçar as nuances do programa, que um público de sotaques variados mergulhou no assunto.
Do histórico evolutivo das políticas sociais e culturais no Brasil, até o letramento digital e midiático possibilitado pela ação Culura Digital, de idéias provocativas de transgressão até elementos de novas tecnologias, passando pela burocracia imposta pela estrutura governamental e pela necessidade de se estabelecer um marco legal que garanta a continuidade do Programa, as apresentações foram se sucedendo no papel de plantar questionamentos e estimular discussões.
À despeito das críticas em relação à abrangência, falta de recursos, dificuldades de gestão por parte do MinC e replicabilidade de ações, é interessante perceber que entre colocações dos autores variados persiste uma impressão unificada de que avanços significativos ocorreram desde o momento em que o Ministério implantou o Programa Cultura Viva.
Uma mostra disso aconteceu já na parte da manhã, quando ao mesmo tempo em que afirmou que a estrutura social brasileira ainda não está preparada para a resignificação do conceito de cidadania (processo que tomou corpo através da efervescência de movimentos sociais nos anos 70), João Guerreiro, professor da UFRJ que atua como coordenador de ponto e pontão de cultura, destacou que a construção do conceito de cidadania cultural está se desenvolvendo nessa mesma medida.
No seu entender, todas essas mudanças têm a ver com uma nova forma de fazer política, e sem isso não adianta uma nova lei, afirmou, referindo-se à transformação do Programa Cultura Viva em lei.
O eco principal às suas ideias surgiu das declarações de Célio Turino, que ao final da Teia 2010 já não mais responderá como Secretário de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura, divisão responsável pelo Programa Cultura Viva. “Esse novo jeito de fazer política apontado pelo João, sempre existiu nas bases do Brasil, mas a diferença é que ele não era percebido. Em relação ao Cultura Viva, por exemplo, a mídia tradicional nem fala desse programa. O Estadão, quando falou, foi para criticar o financiamento dos equipamentos para uma rádio comunitária. E esse silêncio foi bom para nós”, lembrou Turino.
Para amanhã (sábado), quando continuam as apresentações, sobraram muitos questionamentos: como as experiências resultantes das ações do Programa Cultura Viva podem ser aplicadas em outros setores? Podemos, a partir disso pensar em uma nova política para o país?
Amanhã tentaremos descobrir.
Por Luciane Zuê – Pontão Ganesha de Cultura Digital