“Eu queria dançar como eles”. Esse foi o desejo de Rogério Moreira Jr, 13 anos, logo depois de aplaudir o espetáculo Cruel, da Cia de Dança Déborah Colker. O adolescente faz parte do projeto Transforma, que ensina balé clássico a crianças e jovens em situação de risco social na capital. Ele e os colegas de projeto puderam conferir o trabalho do grupo durante a apresentação social da companhia. Como a turnê de Cruel tem o apoio da Lei de Incentivo a Cultura, a cia Débora Colker faz sessões gratuitas para a comunidade. Na Grande Florianópolis, o convite partiu da Fundação Catarinense de Cultura, que indicou os nomes das entidades sociais. O evento aconteceu na tarde da segunda noite de apresentações no Teatro do CIC.
Rogério está no Transforma desde a criação do projeto, em setembro de 2008. Ele chegou a participar de uma audição para o Balé Bolshoi e acredita que as principais qualidades de quem dança profissionalmente são a concentração e a dedicação. Apesar de estar aprendendo balé clássico, o pequeno dançarino já pensa em seguir carreira na dança contemporânea.
De acordo com a professora de balé, Renata Afonso, o projeto não tem como foco principal o ensino da dança. “Nosso trabalho visa abrir possibilidades, além de trabalhar com a auto-estima das crianças. A idéia é contribuir para a formação não apenas como bailarinos, que eles também podem vir a ser, mas também formá-los como cidadãos”, explica.
Há três anos e meio o bailarino Dielson Pessoa de Melo faz parte da Cia. Déborah Colker e acumula dezenas de apresentações no Brasil e no exterior. Ele conta que, além da relevância dos espetáculos com público pagante, as apresentações sociais também são importantes para o artista, que recebe uma resposta imediata do trabalho por meio da sinceridade das crianças e jovens. Para aqueles que estão começando a dançar e querem continuar na profissão, ele deixa a dica: “Respeite seu corpo, seus limites físicos, valorize o que você tem de qualidade e tire proveito disso”, aconselha.