Anita Pires deixa a presidência da FCC e afirma continuidade nas ações da entidade

“Cultura não é moeda de troca. Cultura é direito humano”. A frase da Professora Anita Pires, dita ao final da solenidade de inauguração do Memorial Cruz e Sousa, em Florianópolis, reflete com fidelidade o espírito do evento, que para ela significava, também, a despedida da Presidência da Fundação Catarinense de Cultura (FCC), cargo que ocupou nos dois últimos anos.
 
O Memorial (que passa a abrigar os restos mortais do poeta simbolista nascido em Santa Catarina, e morto em 1898, vítima de tuberculose), foi inaugurado na tarde de quinta-feira (06/05), e o ato reuniu políticos, artistas, produtores culturais e comunidade. Havia a alegria pelo fato em si, mas veladamente a festividade escondia um certo incômodo pelo futuro incerto da cultura em Santa Catarina e a fala da ainda Presidente da FCC era esperada com ansiedade.
 
Com o anúncio do encaminhamento de seu pedido de exoneração ao governador Leonel Pavan, Anita Pires provocou um grande “nervosismo” no setor cultural catarinense. Artistas, produtores e comunidade deram início a uma mobilização para buscar, junto ao governo, garantias em relação à continuidade dos projetos já iniciados e a manutenção de compromissos assumidos durante a gestão, que incluem convênios assinados com o Ministério da Cultura (MinC).
 
A própria Anita dá a entender que sua missão na FCC ainda não estava finalizada, quando declara que desde o início de seu mandato a entidade priorizou projetos estruturantes. Com isso foram criadas bases para ações futuras que dependem, principalmente agora, da manutenção dos acordos direcionados ao setor cultural. “Ainda há muita coisa para se fazer. Nesse momento de debate democrático é necessário que o setor cultural e a sociedade se mobilizem para garantir a continuidade dessas políticas públicas”, explica.
 
Durante seu discurso na solenidade, Anita Pires tentou tranqüilizar a comunidade do setor cultural, ao afirmar que em conversa com o Secretário de Turismo, Cultura e Esporte, Valdir Walendowsky, recebeu garantias de que as ações da FCC terão continuidade.  “A Fundação Catarinense de Cultura tem um planejamento estratégico. É um trabalho que vai até 2013, e isso tudo está escrito. Existe, portanto, um caminho, um plano elaborado, e a Cultura não é uma coisa difícil, mas necessita de políticas efetivas e de uma interlocução muito grande com o setor cultural”, enfatizou.
 
Descerramento da placa comemorativa pelas autoridades presentes 
 
 
PLANOS FUTUROS
Enquanto persiste a incerteza em relação ao nome da pessoa que irá substituí-la no cargo, Anita faz planos para depois do dia 13 de maio, quando deixa o cargo. Ela pretende retomar as atividades na ONG Floripa Amanhã, e sinaliza com a possibilidade de atender a um convite do MinC para atuar junto ao Fórum Nacional de Secretários de Cultura, em um projeto de viabilização do Sistema Nacional de Cultura.
 
A ideia é dar continuidade a um processo de elaboração, por parte dos estados, de Planos de Cultura próprios. Além disso, cada estado deve realizar o levantamento de informações que ajudarão a constituir um sistema de informações e indicadores culturais. “Isso é fundamental se quisermos, realmente, políticas efetivas na área da cultura e para isso é necessário garantir que o Sistema Nacional de Cultura seja aprovado neste ano pelo Parlamento Nacional. Nós não podemos entrar em um novo governo com essa incerteza de falta de recursos, de falta de políticas efetivas num setor que carece de atenção”, finalizou.