Peter Sunde, do Pirate Bay, no FISL

 
Loiro e com um inglês impecável como quase todo suéco, vestido numa jaquetinha super leve para o frio Porto Alegrense, Peter Sunde, um dos idealizadores do Pirate Bay (auto-intitulado o maior localizador de Bit  Torrent do mundo) se mostrou um rapaz simples que conseguiu manter o bom humor durante a coletiva para pouco mais de 20 jornalistas presentes no FISL10, mesmo depois de perguntas que o deixavam desconfortável.

Já nas primeiras respostas, fez questão de deixar claro que não esperava ter o reconhecimento que o grupo possui hoje com a criação do Pirate Bay, e que nem imaginava onde o coletivo poderia chegar. “Nós não pensamos na indústria musical, não temos nada a ver com isso, estamos compartilhando arquivos em geral. Adoraríamos dizer que o Pirate Bay foi planejado para isso, mas na verdade não sabíamos das consequências”, conta. 

Quando perguntado porque não faz parte, na Suécia, do Partido Pirata mas do Partido Verde, Peter deixa os jornalistas com uma grande interrogação na testa quando argumenta que apóia o Partido Pirata desde a criação, mas que o Partido Verde tem mais a ver com ele já que se preocupa com as questões ambientais e é vegetariano. Porém, reafirma durante toda a coletiva de que o importante é a liberdade na World Wide Web. “Se pessoas querem querbrar o Copyrignt quem sou eu pra dizer que não? Temos que defender a liberdade, esse é o primeira passo, nunca foi tão importante lutar por isso. É hora de lutar contra as grandes companhias. Os softwares livres estão fazendo um bom trabalho quanto a isso”, ressalta.

Apesar de ter uma opinião menos radical do que Richard Stallman, árduo defensor do Copyleft e da liberdade total de reprodução e alteração, Peter Sunde critica as licenças Creative Commons: “Acho legal as licença CC mas ainda assim é uma licença. Prefiro mais liberdade”, alfineta.

Um repórter levanta a questão da popularidade do grupo do Pirate Bay. Um pouco incomodado, mas paciente, responde: “Claro, quando aconteceu (popularidade) tivemos quelidar com isso, mas aproveitamos (convites e entrevistas) para trazer algo bom.”

Sobre a sentença do tribunal de Stocolmo (leia tradução da nota oficial assinada pelo The Bureau for Piracy and The Pirate Bay sobre o julgamento aqui) que obriga o Pirate Bay a pagar uma indenização de 30 milhões de coroas suecas (cerca de R$ 7,8 milhões) e a um ano de prisão por violar direitos de propriedade intelctual, Peter não acredita que vá cumprir a pena. Ele alega que ainda existem outras instâncias e que o grupo vai recorrer à, se necessário, da União Européia.  Peter explica que toda essa disputa não é uma questão de dinheiro porque quanto mais um artista divulga seu trabalho, mais pessoas escutam as músicas e a banda faz sucesso, vende CDs, faz shows, DVDs, etc. Para ele a grande questão da indústria fonográfica é o poder, o desejo de continuar controlando. Quanto à derrota para a indústria fonográfica, se diz que é otimista e que acredita num final feliz par para o Pirate Bay: “Vamos vencer”.

 
Por: Juliana Bassetti, jornalista do Pontão Ganesha
Tradução da nota: Paulo Rená