No segundo dia de debates que aconteceram durante o I Fórum Catarinense de Gestores Municipais de Cultura (promovido pela FECAM em Fraiburgo, dias 1 e 2 de agosto) foram elencadas uma serie de aspirações da comunidade cultural, representada, naquele momento, pelos gestores municipais.
Dois pontos, entretanto, se destacaram: a ambição de se criar uma secretaria específica para a área da cultura, e o bombardeio incessante direcionado às Secretarias de Desenvolvimento Regional (SDRs), principalmente no que diz respeito às políticas culturais implementadas no estado, que seguem, segundo sugerem as colocações, um modelo baseado na regionalização implementado especialmente para o turismo.
Em uma mesa redonda conduzida pela deputada estadual Ângela Albino, integrante da Frente Parlamentar em Defesa da Cultura Catarinense, e que contou com a participação de Joceli de Souza (Presidente da Fundação Catarinense de Cultura), Elisa de Liz (diretora de políticas Integradas para o Lazer, representando a Secretaria Estadual de Turismo, Esporte e Cultura – SOL, e, mais tarde, convidado pela presidente da mesa, Silvestre Ferreira, da Fundação Cultural de Joinville. “Acho interessante a participação do Silvestre, representando os gestores municipais, já que neste momento apenas membros do governo estadual têm espaço nesta mesa”, explicou Ângela Albino.
Elisa de Liz abriu sua fala explicando que não veio da área da cultura, mas que conta com o apoio de todos os gestores para atuar. “Ao assumir essa área, afirmo que estou muito aberta a conversas e reforço a declaração de que o turismo não seria o que é sem a cultura”, ponderou.
Para ela, não há outra alternativa a não ser a promoção de um processo de gestão integrada, que agregue os órgãos responsáveis por cada uma das três áreas pelas quais a SOL responde (Santur, Fesporte e FCC) e os conselhos de turismo, esporte e cultura.
Mesmo defendendo a política de atuação estadual para a área, Elisa reconhece as dificuldades que a regionalização estabelece. “Temos 10 regiões culturais em Santa Catarina, e sabemos que o turismo não sobrevive sem a cultura. A política de atuação terá que ser construída de forma compartilhada, e para isso é necessário monitorar e capacitar os gerentes que assumem as pastas, para que eles possam entender como está sendo construída essa política”, afirmou.
Para Elisa, o foco regional, mais que uma tendência, é uma forma de governo, que tem como processo de gestão o desenvolvimento territorial. Assim, o município tem sua importância, com certeza, mas não se pode desconsiderar a integração regional.
Defendendo as atuais ações da FCC, Joceli afirmou que Sol e FCC têm competências diferenciadas. “Cabe à secretaria traçar as políticas culturais do Estado, e à FCC colocar essas políticas em prática”, afirmou, sem pretender entrar no mérito da regionalização das ações. Buscou, contudo, colocar um ponto final nas discussões sobre uma Secretaria específica para a Cultura, ao afirmar, de forma categórica, que o plano de governo de Raimundo Colombo não contempla a criação de uma Secretaria da Cultura.
Comprovando que ainda há muito o que se discutir quando o assunto é a política cultural de Santa Catarina, Ângela Albino lembrou que não deveria ser uma questão fechada. “Se é uma reivindicação da classe, as demandas precisam ser encaminhadas à administração estadual”, ponderou, concluindo que é necessário que se dê legitimidade e visibilidade aos anseios da comunidade cultural.