Com declarações baseadas num misto de otimismo e cautela, TT Catalão – que assume o lugar de Célio Turino na Secretaria de Cidadania Cultural do MinC – reforçou o que já havia adiantado durante a Teia Sul (encontro que aconteceu em São Francisco do Sul- SC, de 26 a 28 de fevereiro): institucionalmente o Programa Cultura Viva está garantido, para além do governo atual.
Isso porque o Ministério da Cultura contemplou o Programa na minuta enviada à Casa Civil, destinada a consolidar as leis sociais do Governo Lula. Ele adiantou, entretanto, que essa discussão sobre a transformação do Programa em lei segue em duas frentes diferentes: a institucional e a social, e que tanto o governo quanto a sociedade fazem sua parte – o primeiro ao deixar o processo encaminhado para sua efetivação, e a sociedade ao buscar a legitimidade através de manifestações populares, abaixo-assinado, etc….
Essas duas frentes de ação, de acordo com TT, devem convergir no Congresso Nacional. “É lá que esse jogo vai ter que se definir. Aí não depende mais da gente. Depende da nossa pressão, sim, mas não depende da gente”, explicou, acrescentando que em todo esse processo, Estado e sociedade estão se encontrando, falando a mesma língua. “Nesse caso tem acontecido uma coisa rara, que é o Estado ter as ruas de seu lado”, acrescentou.
TT fez uma leitura pessoal sobre os desdobramentos possíveis para esse processo. Para ele, uma coisa que já se desenha é que um comitê supra-partidário deve assumir o programa, o que se justifica pelo fato de que os pontos de cultura se espalham por vários estados, governados por partidos diferentes. Como exemplo, citou o estado de Alagoas, governado pelo PSDB (considerado partido de oposição), e extremamente comprometido com o Cultura Viva e todas as suas ações. “Isso mostra que as diretrizes partidárias não têm essa rigidez toda, e o que conta na verdade é conhecer o Programa e reconhecer sua importância. Também, quem vai ser contra? É quase como ser contra o Dia das Mães”, comentou.
FUTURO
TT demonstra total serenidade para assumir a Secretaria de Cidadania Cultura (SCC), mesmo reconhecendo como um desafio de grandes proporções estabelecer a conexão entre os vários pontos de cultura que florescem por todo o País. “Vivemos um momento de impasse: temos pontos de cultura, mas uma rede ainda em formação. Está faltando a Teia mesmo”, afirma, lembrando que a gestão desse processo ficou ainda mais complexa depois que os convênios passaram a ser efetivado também através dos estados, num princípio de gestão compartilhada.
Esse, aliás, é um dos pontos aos quais TT pretende dar muita atenção a partir de abril, quando assume efetivamente. Segundo ele, o diálogo com os estados já teve início em dezembro e a proposta agora é intensificar esse contato. Além disso, TT pretende dar atenção à questão da estética e da linguagem, dos signos e apropriações, tópicos que ele denomina “diálogo das tramas”. “Essa é a minha praia. Aliás, foi assim que entrei no programa… escrevendo, fazendo frases, fotografando, me aventurando pela narrativa simbólica, Só agora eu estou ‘encrachazado’. Mas vai dar tudo certo”, finalizou.