A descentralização das atividades e programações foi destacada por Jéferson Assumção, Secretário de Cultura de Canoas, como uma conquista valorosa e um dos grandes diferenciais na 10ª edição do Fórum Social Mundial – FSM (25 a 29 de janeiro, na Grande Porto Alegre).
Houve quem reclamasse de esvaziamento nos eventos, da distância e de alterações na programação, mas para Assumção a ideia foi um presente para os municípios da periferia, que tiveram, pela primeira vez, a oportunidade de mostrar sua produção cultural e participar ativamente do evento.
Ao compor a mesa no debate promovido pelo Pontão CUCA (Centro Universitário Cultura e Arte), da União Nacional dos Estudantes (UNE), na tarde do dia 27, Assumção fez coro aos demais participantes da mesa ao afirmar que uma política mais humana é possível e necessária em todos os continentes, e que essa conquista só será possível mediante o respeito e a valorização das culturas locais.
Diferentemente do que aconteceu nas edições anteriores, quando a capital do Rio Grande do Sul sediava o FSM e concentrava debates, paineis, fóruns, mostras artísticas e eventos paralelos, em 2010, quando se comemorou os 10 anos do Fórum e seu retorno à cidade de origem, a organização do evento optou pela descentralização da programação, entendendo que esse modelo era mais coerente com a proposta do FSM, que prega o respeito à diversidade como princípio essencial. Assim, as cidades da grande Porto Alegre (Canoas, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Sapiranga e Gravataí) também foram contempladas com eventos e programações artísticas.
“Foi a primeira vez que isso aconteceu, e a região metropolitana teve a oportunidade de mostrar sua força, sua disposição em construir um novo mundo e seu poder criativo, coisas que muitas vezes ficam à sombra da movimentação que ocorre na capital”, explicou Assumção.
Durante a semana do Fórum, Canoas concentrou aproximadamente 230 atividades e mais de 80 shows, basicamente de produção local. “A cidade ganhou duplamente, tanto por colocar em evidência sua produção cultural quanto por receber visitantes, que na maioria das vezes não ultrapassam as fronteiras da capital”, esclareceu o secretário, acrescentando que esse novo modelo valoriza as localidades e coloca em evidência temas como a tecnologia e a educação, que tanto quanto a educação e a saúde sempre estiveram de lado em nosso país.
“Essa prática é fundamental para que se deixe para trás o paradigma da identidade única, que muitas vezes não reconhece as diferenças do outro. E esse é o princípio da diversidade cultural, presente desde o primeiro FSM”, finalizou.