Rede de Pontos de Cultura promove discussão sobre intercâmbio cultural da América Latina

Janeiro foi um mês marcante para os Pontos de Cultura, que em atividades paralelas ao Fórum Social Temático (FST – de 24 a 29 de janeiro em Porto Alegre), tiveram duas oportunidades para discutir políticas culturais voltadas à cultura, e também a integração com iniciativas semelhantes que brotam em diversos países latino-americanos.
 
Além do encontro com gestores públicos das redes de pontos e representantes de Pontos de Cultura de todo o Brasil (promovido pela Secretaria de Cidadania Cultural do Ministério da Cultura – SCC/MinC), aconteceu também o 1º Encontro Mundial das Redes dos Pontos de Cultura e Rede Sem Fronteiras, que teve como tema principal de discussão a “Cultura como bem universal dos povos”, organizado pela representante de Pontos de Cultura do Rio Grande do Sul, Marly Cuesta,  e apoio dos gestores públicos e Representação Regional Sul do MinC.
 

O Encontro Mundial aconteceu em Canoas, na Grande Porto Alegre, no dia 25 de janeiro, e reuniu participantes do Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, Colômbia e Porto Rico, que durante um dia inteiro de intensa troca de experiências, tornaram evidente a necessidade de se estabelecer uma forma de integração regional, não apenas das culturas, mas também das políticas públicas relacionadas ao tema.


Hoje há Pontos de Cultura em implantação em nove países da América Latina, e a disposição de estabelecer um discurso conjunto esteve presente nas falas de praticamente todos os representantes.

Jorge Iván Blandón Cardona, que veio de Medellín (Colômbia), e é representante da Plataforma Puente – Rede Latino Americana de Pontos de Cultura, destacou a possibilidade de se utilizar as rádios comunitárias entre os países, divulgando conteúdo em espanhol e português, como forma de diminuir as diferenças entre as culturas dos povos. Esse seria um dos primeiros passos para que se estabeleçam políticas culturais integradas. “Queremos uma campanha continental na América Latina, defendendo uma politica pública que disponibilize 5% do orçamento de cada país para a cultura e 1% para a cultura viva”, explicou Jorge.

De acordo com o relato de Gilson Máximo, representante de Santa Catarina na Comissão Nacional de Pontos de Cultura, que participou do encontro, a fala de Célio Turino – que foi titular da SCC/MinC no governo Lula, e um dos responsáveis pela implantação e disseminação do Programa Cultura Viva – no final da manhã, destacou  o momento difícil enfrentado pelos Pontos de Cultura em todo o Brasil. Apesar disso, ficou claro que o Programa rende frutos e serve como norteador de iniciativas por todo o continente. Rodrigo Martinez, de San Jose (Costa Rica), do Colectivo 8 Remolinos, afirmou que os povos latino-americanos têm valores em comum, como a solidariedade, afetividade e a vontade de mudança, fundamentais para a disseminação desse intercâmbio de experiências. “Nós temos que embarcar com vocês nesta campanha, em experiências de economia solidária, múltiplos encontros e transformação social”, complementou.

Esse discurso integrado colocado em pauta durante o encontro seria, portanto, não apenas a forma de se estabelecer uma política pública unificada, mas também fortalecer as políticas de cada país, possibilitando um evidente desenvolvimento cultural, que atinge povos e comunidades diversas.

Nesse sentido, Lúcia Fernanda, do Ponto de Cultura Indígena Raízes do Kaingang (RS), destaca, por exemplo, que os povos indígenas seriam, também, beneficiados, num processo que passa pelo reconhecimento e valorização da diversidade cultural, tão bem representada pelo Brasil. “Essa inclusão deve acontecer, sobretudo, pelo protagonismo de quem faz cultura, de quem pensa cultura, de todos os atores – gestores, agentes, povos e comunidades – e segmentos que produzem a cultura no Brasil e no mundo”, declarou Lúcia, que é Especialista em Gestão Pública.

Em narrativa publicada no blog dos pontos de cultura de Santa catarina, Gilson Máximo destacou, também, que foi interessante perceber como, independente do local, a política cultural colocada em prática através dos pontos de cultura desempenha um caráter transformador, a exemplo do que se verificou no Brasil. Gilson lembrou que os Pontos de Cultura estão em implantação em nove países da América Latina, e destacou a importância de se fomentar esse debate. “É a forma de nos fortalecermos como um movimento cultural e social. O futuro do Programa Cultura Viva em nosso estado e o futuro de nossas entidades como Pontos de Cultura depende, em muito, da nossa capacidade de mobilização e ação”, escreveu em seu relato.

Ao final do encontro, foi feita uma sistematização das propostas elencadas, com o objetivo de compor a Carta para a Cúpula dos Povos, que acontece na Rio+20.
 
O Pontão Ganesha participa da Cobertura Colaborativa Especial Ciranda III FML (Link http://www.ciranda.net/mot/forum-midia-livre)
Texto: Thiago Skárnio e LuZuê | Fotos: Thiago Skárnio