Marta Porto em Florianópolis

O atraso dos pagamentos de convênios e editais herdado da antiga gestão do Ministério da Cultura (MinC), gerou muita reclamação e, sobretudo, desconfiança em relação à atuação da equipe que assumiu a pasta em janeiro de 2011.

Foi um princípio de gestão turbulento, motivado, em parte pelo silêncio inicial, pelas nomeações, levantamento de dados e anúncio de mudanças, reforçando uma ideia que é disseminada pela maioria dos integrantes da equipe: trata-se de um governo de continuidade, e de repetição de algumas ações, mas, sobretudo, de se fazer ajustes necessários.

 

E isso ficou muito claro durante o evento que aconteceu em Florianópolis, no dia 19 de abril, e que integra a serie “Encontros Rumo à Cidadania Cultural”. O objetivo central desses encontros, promovidos pelo Ministério, é discutir a configuração da Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural do MinC (ainda em processo de criação), que deve  integrar as secretarias de Cidadania Cultural e da Identidade e Diversidade Cultural.

Marta Porto (indicada mas ainda não nomeada para a nova Secretaria, e representante do MinC no encontro) falou sobre as prioridades atuais do Ministério e respondeu a várias questões encaminhadas à mesa.

Margarete Moraes, Chefe da Representação Sul do MinC, que esteve presente na reunião em Florianópolis, avaliou de forma positiva os questionamentos que surgiram, voltados, sobretudo às pendências financeiras e futuro dos programas desenvolvidos pelo Ministério nos últimos oito anos. “Democracia é isso: discussão e criação. E o encontro, além de provocador, teve um peso simbólico, por se tratar do primeiro encontro institucional do novo MinC na região Sul”, resumiu.
 
Mais de 100 pessoas estiveram no Teatro Álvaro de Carvalho (TAC), e ouviram da representação do Ministério um discurso que foi além das exposições conceituais sobre os rumos da pasta. De acordo com Marta Porto, essa era, realmente uma “conversa” necessária, uma vez que as secretarias de Cidadania Cultural e a de Identidade e Diversidade Cultural foram duas pastas que marcaram de forma contundente a atuação do Ministério da Cultura nos últimos oito anos. “Essas secretarias estabeleceram uma nova forma de relacionamento com a sociedade civil organizada e com os movimentos culturais, deixando evidente uma concepção de cultura que abarca todos os níveis de expressão cultural e artística do Brasil. Entretanto, a primeira condição para se fazer uma política de diversidade é desenvolver uma política de reconhecimento, e essa política de reconhecimento vem sendo construída pelo Ministério da Cultura nesses últimos oito anos. A integração dessas duas secretarias deve permitir a continuidade desta filosofia”, explicou, em referência às ações implementadas durante as últimas gestões do Ministério.
 
Para ela, mesmo que não estivéssemos vivenciando uma gestão de continuidade, ninguém poderia deixar de reconhecer as conquistas experimentadas pela Cultura a partir da gestão do ministro Gilberto Gil, e é com base nesse legado que a nova equipe trabalha. “No entanto, temos muitas outras questões, demandas e desafios, que passam por exemplo, pela responsabilidade de responder à pergunta da nossa presidenta: Para que lugar caminha a sociedade brasileira? Nos queremos consumidores, mas sobretudo queremos cidadãos, que possam contribuir. Queremos um país onde a diversidade não seja apenas uma ação de reconhecimento exótico do Estado em relação a uma determinada expressão, mas sim que essa expressão ganhe poder, sobretudo político na formação dialógica dos nosso cidadãos. E a Cultura tem um papel fundamental para isso, e nós estamos no centro dessa questão”, concluiu.